8.1.10

Resumo e destaques do excelente artigo de Francisco Leonardo Schalkwijk, Índios Evangélicos no Brasil Holandês.

Índios do Nordeste brasilero, Albert Eckhout



[Igreja Reformada no Brasil]:

Três vezes a igreja evangélica foi implantada no Brasil colônia, mas sempre expulsa pelos portugueses: a igreja reformada dos franceses no Rio de Janeiro (1557-1558), a dos holandeses na Bahia (1624-1625) e a dos holandeses, alemães, ibéricos, ingleses, franceses e índios no Nordeste, quase 30 anos depois.



[Divisão da história]:

A história do Brasil Holandês pode ser dividida em três partes: inicialmente a resistência portuguesa por sete anos; depois a resignação desses "moradores" durante o governo do Conde Maurício de Nassau por quase oito anos (1637-1644); e finalmente os nove anos da guerra da restauração.




Durante esse período se encaixa um capítulo interessante da história eclesiástica brasileira: a da Igreja Cristã Reformada, nome da igreja evangélica na Holanda.



Essa igreja reformada veio para o Brasil com a bandeira holandesa, e foi expulsa com ela. Na medida em que a conquista se alargava foram implantadas as congregações reformadas, e na medida em que os luso-brasileiros recapturavam o terreno estas desapareceram, porque não havia lugar para qualquer igreja evangélica debaixo da hegemonia ibérica.




[Igreja organizada]:

Com o aumento da conquista organizou-se uma "classe", uma convenção eclesial, o Presbitério do Brasil, e durante alguns anos existiu até o Sínodo do Brasil, com dois presbitérios: o de Pernambuco e o da Paraíba.



Havia igrejas grandes e pequenas, com seus predicantes ou sem pastores; com seus presbíteros e diáconos ou sem condições de escolher oficiais; com seu "proponente" (um estudante de teologia licenciado) ou seu "consolador" (um evangelista).



Na leitura dos documentos surge uma igreja como a conhecemos hoje em dia, mas com um problema específico: rodeada de pessoas que queriam expulsá-la da sua terra.



[Missão reformada]:

A história dessa missão desenvolveu-se em três etapas: a preparação (1630-1636), a expansão (1637-1644) e a conservação (1645-1654).


I. Preparação, 1630-1636

Havia entre os indígenas dois grupos principais: as tribos já domesticadas e as não subjugadas. Os holandeses denominaram as últimas como "Tapuias" e as primeiras de "brasilianos", como os moradores autóctones do Brasil.


Entre esses "brasilianos" em declínio começou o trabalho missionário da igreja reformada, em cima do fundamento lançado pelos padres. Tinham aprendido algumas orações e a confissão apostólica, conheciam os nomes de Jesus Cristo e "nossa Senhora," e tinham sido batizados.

Cedo a igreja reformada reconheceu seu dever de evangelizar os índios, e o governo apoiou o trabalho missionário, sem dúvida inclusive por motivos políticos: precisava deles na sua luta contra os portugueses. E muitos foram os obreiros que serviram nas aldeias: pastores e "consoladores," professores e "proponentes".

A decisão de iniciar o trabalho foi tomada na reunião do conselho eclesiástico da Igreja Reformada do Recife, que escreveu uma carta inclusive sobre os métodos, ao Presbitério de Amsterdã. Nessa importante missiva o "Consistório de Fernambuque" solicitava oito "proponentes", bem educados, e aptos para o pastorado, a fim de aprenderem a língua brasiliana. Além disso, Recife pediu professores primários, de preferência com esposa e filhos. Ainda sugeriu que fossem levados à Holanda uns jovens brasilianos com o fim de aprenderem o holandês e serem educados na religião reformada.

A Diretoria da Companhia, os Senhores XIX, já havia recebido uma carta de igual teor da parte do governo holandês no Recife, com um pedido de enviar à Holanda 25 jovens brasilianos, e trazer de lá 25 órfãos com o mesmo objetivo. Caso isto não fosse possível, então, pelo menos, doze de cada grupo. "Deus engrandeceu o cristianismo por doze apóstolos somente, de modo que Ele bem pode reformar o Brasil com 24 jovens."



II. Expansão, 1637-1644


Durante o ano de 1637 o pastor Soler no Recife e um jovem pastor na Paraíba, David à Doreslaer, tiveram muitos contatos com os índios, um preparo importante para a reunião seguinte do presbitério.

...um pastor nas aldeias para "pregar a Palavra de Deus, administrar os sacramentos e exercer a disciplina eclesiástica", citando assim as "três marcas da verdadeira igreja" conforme o artigo 29 da Confissão Belga.



[Índios reformados]:

...o Conde Maurício comunicou que os próprios índios enxotaram os padres, não querendo mais admiti-los às aldeias.

Pierre Moreau afirmou em seu livro publicado em 1651, que os holandeses tinham entre os índios vários ministros, sobressaindo-se um jovem ministro inglês, que traduzira as Santas Escrituras para a língua brasiliana.

Evidencia-se, entretanto, o esforço da Igreja Cristã Reformada entregando aos índios a mensagem bíblica em sua própria língua.


Além da Bíblia era necessário que houvesse um catecismo em tupi. Muitos brasilianos conheciam como segunda língua o português. A idéia, então, foi preparar um catecismo em tupi, português e holandês.

Filipe Camarão [inimigo dos holandeses] escreveu: "... não quero reconhecer a Antônio Paraupaba nem a Pedro Poti, que se tornaram hereges ..." O índio Poti por sua vez respondeu numa longa carta datada do dia 31 de outubro de 1645, talvez de propósito no dia comemorativo da reforma protestante. Nessa carta Poti afirma que seus índios viviam em maior liberdade do que os outros, enfatizando que os portugueses queriam escravizá-los.

[Poti] Mencionou ainda como foi educado na Holanda e confessou ser cristão "crendo somente em Cristo, não desejando contaminar-se com a idolatria", exercitando-se diariamente na fé.



[Digno de honra]:

Em 1649, na segunda batalha de Guararapes, o regedor Pedro Poti foi preso, não podendo esperar nenhuma compaixão dos seus juízes. Seu sofrimento deve ter sido terrível. Conforme testemunho de Antônio Paraupaba ele foi lançado num poço, onde permaneceu durante seis meses. Quando retirado, de vez em quando, padres, juntamente com seus parentes, saltavam sobre ele, tentando força-lo a abjurar a religião reformada. Mas, disse Paraupaba, o Deus de toda misericórdia na vida e na morte, que o havia trazido da escuridão para a luz, fortaleceu aquele junco frágil, transformando-o num pilar da fé. Todos que estavam presos com ele naquele tempo no Cabo Santo Agostinho puderam testemunhar isto.

De fato, os índios "rebeldes à coroa de Portugal" foram incluídos no perdão geral da capitulação de Taborda de 26 de fevereiro de 1654. Mas a maioria fugiu, não acreditando nas promessas. Percorreram mais de 750 quilômetros de sertão para a Serra de Ibiapaba, longe no oeste do Ceará. Ali se juntaram aos índios tabajaras. Com os refugiados a população deve ter chegado a umas quatro mil pessoas, um verdadeiro "Palmares dos índios".


[Genebra dos sertões]:

...o padre jesuíta Antônio Vieira visitou a Serra de Ibiapaba ainda em 1654. Conforme ele, a região tinha se tornado uma verdadeira "Genebra de todos os sertões do Brasil". A influência do ensino religioso havia sido mais profunda do que se imaginava à primeira vista. Os padres ficaram atônitos diante do traje fino dos indígenas, da arte de ler e escrever e especialmente do lado religioso, porque "muitos deles eram tão calvinistas e luteranos como se houvessem nascido na Inglaterra ou Alemanha", considerando a igreja romana uma "igreja de moanga", uma igreja falsa.



Se tivesse existido liberdade religiosa poderiam ter permanecido como a primeira igreja indígena evangélica nas Américas, à semelhança da igreja indígena reformada nas ilhas do arquipélago da Indonésia. Mas debaixo da bandeira portuguesa, isto era absolutamente impossível.


Para ler todo o artigo clique aqui.

Um comentário:

  1. Raniere,o irmão poderia publicar (não precisa ser o conteúdo completo, pode ser um resumo) no seu blog a seguinte notícia?

    Caros irmãos e amigos,

    Gostaria de pedir pra orarem e divulgarem a vinda do nosso querido e respeitado Rev. Dr. Francisco Leonardo Schalkwikj, (carinhosamente conhecido por seus ex-alunos como Pastor Chiquinho) e agora com 84 anos de idade. Ele e sua esposa, Dona Margarida, estão vindo da Holanda para estarem conosco em Recife (16-19 de maio) e São Luis (25-27 de maio).

    Eles estarão participando do Primeiro Encontro da Fé Reformada em Recife e de uma outra conferência especial promovida pela Igreja Presbiteriana do Renascença em São Luis do Maranhão.

    Haverá, se Deus quiser, uma homenagem especial de gratidão a Deus pela vida destes servos do Senhor e pelos serviços prestados na obra do Senhor por cerca de 40 anos no Brasil. O Rev. Francisco dará uma palavra na abertura do Encontro em Recife e ficará conosco naqueles dias afim de rever e conversar com seus ex-alunos, colegas de ministério, e amigos em general. Nós não sabemos se eles teram outra oportunidade e condições físicas de fazerem uma outra viagem desta ao Brasil.

    Por favor divulguem no Facebook, Twitter, Blogs, Boletins, etc. A propósito, minha esposa e eu também estaremos participando de ambos eventos e teríamos a maior alegria de rever e conversar com todos vocês também.

    PORTANTO, DIVULGUEM E VENHAM ESTAR COM O REV. FRANCISCO E ESPOSA. Fokjelina e eu nos alegraremos muito em estar com vocês também.

    Elias dos Santos Medeiros

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