10.1.10

O CALVINISMO EM PERNAMBUCO (Fragmentos de texto)

Olinda foi tomada em 16 de fevereiro de 1630 pelos holandeses. Em 10 de março do mesmo ano realizaram orações solenes para agradecer a Deus a fácil conquista. Este foi o primeiro ato de culto público e oficial do calvinismo em Pernambuco.



A igreja calvinista em Pernambuco foi organizada em sínodos, classes e presbitérios, tudo dependia do supremo concílio e do governador.



As atribuições dos sínodos abrangiam a administração e disciplina eclesiástica, supervisão de costumes, instrução primária e catequese de índios.



Havia ministros permanentes em Recife, Olinda, Itamaracá, Cabo de St. Agostinho e Serinhaém.



Os ministros calvinistas não suportavam ouvir falar em imagens, confissões e procissões.



Alguns ministros aprenderam o tupi e nesta língua produziram um catecismo de fé reformada e diversas literaturas.



Era admirável o fato de que os índios sendo fetichistas como eram compreenderam e adoraram um Deus em Espírito, sem nenhuma exterioridade cultual, segundo os ministros calvinistas ensinavam.



O famoso padre Antonio Vieira testemunhou de modo ocular o calvinismo entre os indígenas, disse: “Na veneração dos templos, das cruzes, dos sacerdotes [os índios] estavam muitos deles tão calvinistas e luteranos como se nascessem na Inglaterra ou Alemanha. Eles chamam a igreja [católica romana] de ‘Moanga’, que quer dizer Igreja falsa, é a doutrina ‘Morandubas Abarés’, que quer dizer ‘patranhas (história falsa) dos padres’”.



Os calvinistas não edificaram muitos templos em Pernambuco. Havia uma predileção por ocupar os templos católicos romanos durante a colonização.



Quando estudamos o Brasil Holandes não se pode deixar de citar a grande administração de Maurício de Nassau.



A estratégia principal das missões evangélicas posteriores ao período holandês foi a distribuição de Bíblias, folhetos e livros. Os católicos trabalharam intensamente contra a distribuição de material protestante durante boa parte dos séculos 18 e 19, sem grandes êxitos. Os católicos chamavam a Bíblia Ferreira de Almeida de “bíblia falsificada” e a literatura evangélica de “livrinhos perigosos”.



Em 1868, Robert Kalley, do Rio de Janeiro mandou para Pernambuco um diácono da igreja evangélica fluminense – Manoel Jose da Silva Viana, que distribuía e vendia Bíblia. Em julho de 1871, Viana formou uma congregação em Recife. Em 1873 a congregação ganhou status de Igreja, neste ano Kalley batizou 12 convertidos da igreja pernambucana.



Viana repassava Bíblia e literatura evangélica, e isto era de modo geral mal visto e causava muitas confusões por onde viajava. Muitos dos livros que transportava eram confiscados por autoridades policiais e queimados, os hotéis negavam estadia para ele. Provavelmente muitas vezes correu risco de ser morto, muitas vezes espancado e preso. A causa evangélica pernambucana é eternamente devedora ao Manoel Viana. O congregacionalismo se estendeu por muitas cidades do interior de Pernambuco: Jaboatão, Vitória, Caruaru e muitas outras.



Os presbiterianos chegaram logo em seguida. O propagador do presbiterianismo em Pernambuco foi o missionário John R. Smith, que chegou em Recife em 1873. A primeira igreja foi constituída em 1878. Respectivamente o presbiteriano chegou a Garanhuns, Goiana, Canhotinho, Palmares, Areias e Caruaru.



No começo do século, dos púlpitos romanistas, a intolerância religiosa era “brutal e evidente”, a ordem era: “meta o cacete nos nova-seitas”, pelos registros isso partia de missionários capuchinos, da mesma ordem de Frei Damião.



Destaques do livro histórico Seitas Protestantes em Pernambuco, Subsídios Históricos, com um estudo sobre o calvinismo em Pernambuco, ano 1906, por Vicente Ferrer de Barros Wanderley Araujo.

8.1.10

Resumo e destaques do excelente artigo de Francisco Leonardo Schalkwijk, Índios Evangélicos no Brasil Holandês.

Índios do Nordeste brasilero, Albert Eckhout



[Igreja Reformada no Brasil]:

Três vezes a igreja evangélica foi implantada no Brasil colônia, mas sempre expulsa pelos portugueses: a igreja reformada dos franceses no Rio de Janeiro (1557-1558), a dos holandeses na Bahia (1624-1625) e a dos holandeses, alemães, ibéricos, ingleses, franceses e índios no Nordeste, quase 30 anos depois.



[Divisão da história]:

A história do Brasil Holandês pode ser dividida em três partes: inicialmente a resistência portuguesa por sete anos; depois a resignação desses "moradores" durante o governo do Conde Maurício de Nassau por quase oito anos (1637-1644); e finalmente os nove anos da guerra da restauração.




Durante esse período se encaixa um capítulo interessante da história eclesiástica brasileira: a da Igreja Cristã Reformada, nome da igreja evangélica na Holanda.



Essa igreja reformada veio para o Brasil com a bandeira holandesa, e foi expulsa com ela. Na medida em que a conquista se alargava foram implantadas as congregações reformadas, e na medida em que os luso-brasileiros recapturavam o terreno estas desapareceram, porque não havia lugar para qualquer igreja evangélica debaixo da hegemonia ibérica.




[Igreja organizada]:

Com o aumento da conquista organizou-se uma "classe", uma convenção eclesial, o Presbitério do Brasil, e durante alguns anos existiu até o Sínodo do Brasil, com dois presbitérios: o de Pernambuco e o da Paraíba.



Havia igrejas grandes e pequenas, com seus predicantes ou sem pastores; com seus presbíteros e diáconos ou sem condições de escolher oficiais; com seu "proponente" (um estudante de teologia licenciado) ou seu "consolador" (um evangelista).



Na leitura dos documentos surge uma igreja como a conhecemos hoje em dia, mas com um problema específico: rodeada de pessoas que queriam expulsá-la da sua terra.



[Missão reformada]:

A história dessa missão desenvolveu-se em três etapas: a preparação (1630-1636), a expansão (1637-1644) e a conservação (1645-1654).


I. Preparação, 1630-1636

Havia entre os indígenas dois grupos principais: as tribos já domesticadas e as não subjugadas. Os holandeses denominaram as últimas como "Tapuias" e as primeiras de "brasilianos", como os moradores autóctones do Brasil.


Entre esses "brasilianos" em declínio começou o trabalho missionário da igreja reformada, em cima do fundamento lançado pelos padres. Tinham aprendido algumas orações e a confissão apostólica, conheciam os nomes de Jesus Cristo e "nossa Senhora," e tinham sido batizados.

Cedo a igreja reformada reconheceu seu dever de evangelizar os índios, e o governo apoiou o trabalho missionário, sem dúvida inclusive por motivos políticos: precisava deles na sua luta contra os portugueses. E muitos foram os obreiros que serviram nas aldeias: pastores e "consoladores," professores e "proponentes".

A decisão de iniciar o trabalho foi tomada na reunião do conselho eclesiástico da Igreja Reformada do Recife, que escreveu uma carta inclusive sobre os métodos, ao Presbitério de Amsterdã. Nessa importante missiva o "Consistório de Fernambuque" solicitava oito "proponentes", bem educados, e aptos para o pastorado, a fim de aprenderem a língua brasiliana. Além disso, Recife pediu professores primários, de preferência com esposa e filhos. Ainda sugeriu que fossem levados à Holanda uns jovens brasilianos com o fim de aprenderem o holandês e serem educados na religião reformada.

A Diretoria da Companhia, os Senhores XIX, já havia recebido uma carta de igual teor da parte do governo holandês no Recife, com um pedido de enviar à Holanda 25 jovens brasilianos, e trazer de lá 25 órfãos com o mesmo objetivo. Caso isto não fosse possível, então, pelo menos, doze de cada grupo. "Deus engrandeceu o cristianismo por doze apóstolos somente, de modo que Ele bem pode reformar o Brasil com 24 jovens."



II. Expansão, 1637-1644


Durante o ano de 1637 o pastor Soler no Recife e um jovem pastor na Paraíba, David à Doreslaer, tiveram muitos contatos com os índios, um preparo importante para a reunião seguinte do presbitério.

...um pastor nas aldeias para "pregar a Palavra de Deus, administrar os sacramentos e exercer a disciplina eclesiástica", citando assim as "três marcas da verdadeira igreja" conforme o artigo 29 da Confissão Belga.



[Índios reformados]:

...o Conde Maurício comunicou que os próprios índios enxotaram os padres, não querendo mais admiti-los às aldeias.

Pierre Moreau afirmou em seu livro publicado em 1651, que os holandeses tinham entre os índios vários ministros, sobressaindo-se um jovem ministro inglês, que traduzira as Santas Escrituras para a língua brasiliana.

Evidencia-se, entretanto, o esforço da Igreja Cristã Reformada entregando aos índios a mensagem bíblica em sua própria língua.


Além da Bíblia era necessário que houvesse um catecismo em tupi. Muitos brasilianos conheciam como segunda língua o português. A idéia, então, foi preparar um catecismo em tupi, português e holandês.

Filipe Camarão [inimigo dos holandeses] escreveu: "... não quero reconhecer a Antônio Paraupaba nem a Pedro Poti, que se tornaram hereges ..." O índio Poti por sua vez respondeu numa longa carta datada do dia 31 de outubro de 1645, talvez de propósito no dia comemorativo da reforma protestante. Nessa carta Poti afirma que seus índios viviam em maior liberdade do que os outros, enfatizando que os portugueses queriam escravizá-los.

[Poti] Mencionou ainda como foi educado na Holanda e confessou ser cristão "crendo somente em Cristo, não desejando contaminar-se com a idolatria", exercitando-se diariamente na fé.



[Digno de honra]:

Em 1649, na segunda batalha de Guararapes, o regedor Pedro Poti foi preso, não podendo esperar nenhuma compaixão dos seus juízes. Seu sofrimento deve ter sido terrível. Conforme testemunho de Antônio Paraupaba ele foi lançado num poço, onde permaneceu durante seis meses. Quando retirado, de vez em quando, padres, juntamente com seus parentes, saltavam sobre ele, tentando força-lo a abjurar a religião reformada. Mas, disse Paraupaba, o Deus de toda misericórdia na vida e na morte, que o havia trazido da escuridão para a luz, fortaleceu aquele junco frágil, transformando-o num pilar da fé. Todos que estavam presos com ele naquele tempo no Cabo Santo Agostinho puderam testemunhar isto.

De fato, os índios "rebeldes à coroa de Portugal" foram incluídos no perdão geral da capitulação de Taborda de 26 de fevereiro de 1654. Mas a maioria fugiu, não acreditando nas promessas. Percorreram mais de 750 quilômetros de sertão para a Serra de Ibiapaba, longe no oeste do Ceará. Ali se juntaram aos índios tabajaras. Com os refugiados a população deve ter chegado a umas quatro mil pessoas, um verdadeiro "Palmares dos índios".


[Genebra dos sertões]:

...o padre jesuíta Antônio Vieira visitou a Serra de Ibiapaba ainda em 1654. Conforme ele, a região tinha se tornado uma verdadeira "Genebra de todos os sertões do Brasil". A influência do ensino religioso havia sido mais profunda do que se imaginava à primeira vista. Os padres ficaram atônitos diante do traje fino dos indígenas, da arte de ler e escrever e especialmente do lado religioso, porque "muitos deles eram tão calvinistas e luteranos como se houvessem nascido na Inglaterra ou Alemanha", considerando a igreja romana uma "igreja de moanga", uma igreja falsa.



Se tivesse existido liberdade religiosa poderiam ter permanecido como a primeira igreja indígena evangélica nas Américas, à semelhança da igreja indígena reformada nas ilhas do arquipélago da Indonésia. Mas debaixo da bandeira portuguesa, isto era absolutamente impossível.


Para ler todo o artigo clique aqui.

6.1.10

Destaques do livro histórico Seitas Protestantes em Pernambuco, Subsídios Históricos, com um estudo sobre o calvinismo em Pernambuco, ano 1906

Forte Orange Holandes

Capitania de Pernambuco por Frans Post

Destaques do livro histórico Seitas Protestantes em Pernambuco, Subsídios Históricos, com um estudo sobre o calvinismo em Pernambuco, ano 1906, por Vicente Ferrer de Barros Wanderley Araujo:

"A tolerância parece ir penetrando na dourada prisão do Vaticano". – [uma referência aos evangélicos do começo do século 20 em Pernambuco]

Um historiador do começo do século 20 disse, em outras palavras, que uma coisa que chamava mais atenção nos templos evangélicos era a reverência, “um espetáculo quase novo”, “nada de sussurros, de conversações e desrespeito, comum a maioria dos católicos”.

Sobre a simplicidade dos templos: “O templo evangélico, severamente branco, despido de ornatos e de qualquer emblema religioso”. O historiador acima citado dizia que a simplicidade dos templos evangélicos não era páreo para a beleza dos templos católicos e que a beleza nos templos serviria de auxílio pedagógico. Criticando assim os pastores em usar só a pregação da Palavra para um monte de gente inculta que não sabia dar valor intelectual, já que os sentidos dominam.

Os evangélicos, chamados de “nova seita”, no registro do historiador, eram perdidos no meio de uma população esmagadoramente católica. O esforço e a pertinência em ser evangélico em meio a perseguições e injúrias era algo observado com curiosidade, pois os protestantes brasileiros não receberam do berço a religião evangélica, nem herdada e nem imposta. Os templos eram constantemente apedrejados.

Livros evangélicos e Bíblias eram de modo constante queimados publicamente pelos católicos. E houve um assassinato bárbaro e cruel em Caruaru por causa do Evangelho, que merece destaque. José Antonio dos Santos foi o primeiro mártir da igreja em Caruaru, seus algozes, João Thiné e Francelino. Ao receber a primeira punhalada, ajoelhou-se e disse ao criminoso: “Por Jesus, não me mate!” Houve processo judicial, mas ninguém foi preso por matar José Antonio dos Santos, apesar das provas.

Há um registro interessante dessa época sobre perseguição: “é costume em Caruaru dar-se surras nos evangélicos” e a polícia não tomava nenhuma providência.

A conduta moral e disciplinar dos evangélicos eram elogiadas até pelos inimigos sociais, em todas as áreas da vida comum, matrimônio, comércio, vida militar, enfim, o “efeito salutar da Bíblia” era destaque. Quando comparados com os católicos, estes se limitavam a ouvir uma missa em latim que não entendiam nada, não conheciam a história da Igreja e o catecismo, “apenas repetem algumas orações aprendidas na infância.”

Livro original escaneado.

5.1.10

BREVE RESUMO DA IGREJA DE TEOLOGIA CALVINISTA EM PERNAMBUCO

Paisagem Pernambuco por Frans Post

Este mapa pitoresco mostra o esquadrão naval holandês comandado por Hendrick Corneliszoon Lonck, na invasão de Pernambuco em 1630.

Aos poucos e regularmente irei reformular este resumo, no momento este micro-histórico será suficiente para dar início ao blog. O leitor considere que o documento está em elaboração. Independente das controvérsias entre historiadores, o que me atrai nessa história é o fato de que Pernambuco sofreu influência calvinista dos holandeses, e os reflexos desses “raios fúlgidos” permanecem até os dias de hoje. As revisões históricas serão bem-vindas.

1ª FASE – Século 17

Séculos atrás, em 1630 os holandeses ocuparam Pernambuco e estados próximos. Juntamente com os óbvios interesses econômicos da Companhia das Índias os holandeses trouxeram e transmitiram o seu protestantismo calvinista aos nativos da região. Há muita história pra contar, e espero contá-las, mas o que me chamou atenção mesmo, nessa fase, foi imaginar os índios sendo calvinistas em sua teologia. Seis índios foram para os Países Baixos para estudar a religião cristã reformada. Considero isto como a primeira fase do calvinismo em solo Pernambucano. A presença holandesa durou apenas 24 anos no Nordeste brasileiro. Existiram vinte e duas igrejas reformadas no Nordeste neste período, resumindo.

Para saber mais sobre essa fase:

http://www.ipfarol.com.br/downloads/%C3%8Dndios%20Evang%C3%A9licos%20no%20Brasil%20Holand%C3%AAs.doc

http://pt.wikipedia.org/wiki/Calvinismo_no_Brasil

2ª FASE – Século 19

Uma segunda fase se deu em 1873, quando um jovem missionário americano graduado em teologia em um seminário calvinista chegou a Recife, seu nome: John Rockwell. Antes de sua chegada já havia um início de trabalho evangelístico de um colportor da Sociedade Bíblica Britânica em Recife, um senhor chamado Manoel José da Silva Viana, congregacional oriundo da Igreja do Dr. Kalley. Em 1873, o próprio Kalley organizou a Igreja Evangélica Pernambucana. A origem da igreja congregacional vem dos puritanos da Inglaterra, de linha calvinista, porém Kalley preferiu implantar igrejas menos alinhadas com o presbiterianismo, sua origem teológica.

Realizar um trabalho evangelístico nessa época não era uma tarefa das mais fáceis. A religião oficial era a Católica Romana. A separação entre Igreja e Estado aconteceu somente em 1891 após a proclamação da República (1889). Antes disso as leis do Império deveriam ser obedecidas. John Rockwell teve que pedir autorização ao Presidente da Província para poder pregar livremente o Evangelho, vender e distribuir Bíblias, e livros. Conseguiu autorização mas o povo católico o desprezava como herege, sendo muitas vezes insultado.

Conheça detalhes dessa história:

http://www.primeiraigreja.org.br/index.php?page=historia

http://pt.wikipedia.org/wiki/União_das_Igrejas_Evangélicas_Congregacionais_do_Brasil

http://pt.wikipedia.org/wiki/Congregacionalismo

3ª FASE – Século 20

Do século 19 para o 20, muitas igrejas presbiterianas e congregacionais foram implantadas no estado, mas aos poucos foram arrefecendo o zelo pela doutrina calvinista. As presbiterianas em menor escala por causa dos Símbolos de Fé que regem o Supremo Concílio. Porém é inevitável citar a influência do pentecostalismo e do arminianismo sobre praticamente todas as igrejas de Pernambuco. Esse período é caracterizado por declínio teológico calvinista gradual. As igrejas congregacionais se perderam rapidamente em doutrinas humanistas, com exceções de alguns pastores calvinistas isolados e perseguidos. As presbiterianas do Brasil (IPB) dependem muito da linha que o presbitério segue, por vezes mais ou menos conservadoras.

A Fé Reformada só é reacendida com mais ênfase nos anos de 1970, 80, 90 e 00 (principalmente na última década) através de missionários calvinistas vindo das Igrejas Reformadas Canadenses e das Igrejas Reformadas Libertadas da Holanda. Hoje, já é possível dizer que há Igrejas Reformadas do Brasil através desse trabalho reiniciado no Nordeste brasileiro. Há uma Igreja Reformada do Brasil em Recife-PE e São José da Coroa Grande-PE.

Para saber mais: http://www.irbmaceio.com.br/quemsomos.php

Outra contribuição valorosa em erguer a bandeira teológica calvinista, não timidamente, no final do século 20, em 1992, foi o Projeto “Os Puritanos”. A obra começou com um grupo de irmãos presbiterianos com a intenção de traduzir livros. Logo produziram um jornal (que posteriormente veio a ser uma revista) para divulgar literatura refomada calvinista de Pernambuco para todo Brasil. Um importante marco desse projeto foi realizar um simpósio anualmente. Dedicados servos de Deus vieram ao Brasil, através do simpósio, pregar o Antigo Evangelho e equipar os irmãos calvinistas. E até os dias atuais continuam firmes nesse propósito.

Em Caruaru, agreste pernambucano, 130 km de Recife, no ano de 1991, membros batistas “tradicionais” em Caruaru-PE, ouviram ensinos reformados de Josafá Vasconcelos, e em 1994 deram início a estudos teológicos sistemáticos de doutrina calvinista. No ano de 97 não havia mais possibilidades de suportar a teologia arminiana-pentecostal-pragmática da igreja de origem deles, logo dando inicio a um trabalho de Fé Reformada como congregação, acolhidos prontamente por uma igreja batista em Petrolândia-PE que principiava na teologia calvinista. Decididamente o grupo separatista recebeu apoio de Manoel Canuto do Projeto Os Puritanos de Recife. E no ano de 2000 a Batista Reformada tornou-se oficialmente igreja, sob a liderança do irmão Edson Rosendo. Esta igreja subscreve a Confissão de Fé de Londres, de 1689. A Igreja Batista Reformada é a primeira Igreja Batista de Confissão reformada que Deus organiza no estado de Pernambuco. A sua liderança tem trabalhado duramente em desenvolver os Salmos cantados, uma obra inédita em língua portuguesa.

Caruaru tem outra igreja independente de cunho estritamente reformado, desde 2002, a Primeira Igreja Congregacional Reformada, implantada pelo irmão Santana Dória, hoje sob a liderança de Pereira Neto. Esta tem passado por várias reformas internas, inicialmente adotou a Confissão de Fé de Westminster com algumas ressalvas e hoje tem tentado resgatar as origens congregacionais adotando a Confissão de Fé de Savoy de 1658 e cantando Salmos nos cultos.

Ainda sobre o cenário calvinista caruaruense, vale ressaltar que a Primeira Igreja Presbiteriana tem mais de 80 anos de idade e a Primeira Igreja Congregacional tem mais de 100 anos, ambas fruto de trabalho missionário calvinista, mas hoje esfriadas pelo pragmatismo religioso, por mais que queiram negar.

Esta cidade do interior ainda conta com uma IPCB, Igreja Presbiteriana Conservadora do Brasil, que é mais sólida em preservar os símbolos de fé de Westminster do que a IPB. É decorrente do entendimento da doutrina reformada que um membro da 1ª IPB, Jaziel Cunha, teve ao ouvir os líderes da batista reformada, Edson Rosendo e Jorge Vicente, e assim, inconformado com a situação da IPB, no ano de 2000 o irmão Jaziel entrou em contato com o departamento missionário da IPCB, em pouco tempo, os campos de Caruaru e Bezerros surgiram simultaneamente. A congregação de Caruaru está se empenhando para estruturar-se e tornar-se uma igreja nos moldes da Constituição e Ordem da igreja Conservadora.

Continua...